mar azul cobalto
Fundo de levantes. Abismo em sono
profundo de águas.
De longe, chegam ao cais nas marés
desfeitas em versos.
Poemas calmos como o fundo do mar.
Em mistério, as margens rompem-se e as
águas unem-se como a poesia une olhares
coalhados pelo azul cobalto das palavras
profundas. Sem se cansarem, ondas
inscrevem o belo e o sábio no avesso do
mar, onde aves ébrias pelo silêncio
anunciam maresias de inspiração,
enquanto no pulsar do oceano cintilam
torrentes de sílabas que se aconchegam
em pátios de areia. Em visita, a
ondulação foragida das cristas
terrestres constrói rotas para as barcas
carregadas de estórias e segredos
temperados. No mar azul cobalto cresce a
imensidão do prado azul e no poema
cresce a pulsão profunda da palavra.
Zita Viegas