O nevoeiro sorve montes. Sob o chumbo desfraldado tranças
os teus sonhos. Ilusões de ser pasmado.
Sombras. Entre brumas vem veloz a nostalgia.
Tu partes. Partes em dia cinzento mar. De coração vazio a chorar
a ilha.
O lugar da minha tristeza.
Partes incerto e de olhar disperso. Melancólico.
Adensado nas coisas mínimas. No silêncio da chuva.
No pó do sonho. No rugir velado dos dias.
Na mudez dos grilos.
Partes no Inverno.
O Inverno que rumoreja o peito. A estação talhada
na fímbria do mar. Onde a indolência dos céus enfeitiça o coração
submerso em solidão.
Emudeço na rocha fendida.
No cais, nós de vento compõem ondas cortadas pela quilha.
No cais a matar saudades é o fim.
Quanto dói amar? É sempre?
Segredo de mãos ausentes nos confins do mar.
Na ilha.
Zita Viegas
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