segunda-feira, 30 de março de 2015


mar azul cobalto







Fundo de levantes. Abismo em sono

profundo de águas.

De longe, chegam ao cais nas marés

desfeitas em versos.

Poemas calmos como o fundo do mar.

Em mistério, as margens rompem-se e as

águas unem-se como a poesia une olhares

coalhados pelo azul cobalto das palavras

profundas. Sem se cansarem, ondas

inscrevem o belo e o sábio no avesso do

mar, onde aves ébrias pelo silêncio

anunciam maresias de inspiração,

enquanto no pulsar do oceano cintilam

torrentes de sílabas que se aconchegam

em pátios de areia. Em visita, a

ondulação foragida das cristas

terrestres constrói rotas para as barcas

carregadas de estórias e segredos

temperados. No mar azul cobalto cresce a

imensidão do prado azul e no poema

cresce a pulsão profunda da palavra.

Zita Viegas



6 comentários:

  1. Admiro a sua insular poesia tanto com'o vinho, tanto que ás vezes de a ouvir passar já fui com'o vento em terra à'dentro vin'do'mar, vim no ar eu, vim no ar

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  2. não pares aqui, isto é mais valioso que o luso

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  3. O sabor de um gole vem em forma de co(r)po, quando se saboreia uma tempestade, soboreia-se a maresia. No mar o paladar é de terra e a barca vem em braços. O porto assenta no impacto da chegada.


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  4. A cigarra e o o vento são como do meu pensamento a confissão do som ao que de dentro sonoro eu sou

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    1. Como é exótico o sossego exposto ao intenso tráfego da paixão. Amargo não detê-lo em mim.

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